segunda-feira, 30 de julho de 2007

Três metros



















(imagens retiradas do videoclip da música Superstars de David Fonseca: http://videos.sapo.pt/FozFiQCyG9h6AIH17Zmh)

Quero amar-te a três metros do chão.
Três metros mais perto da grande lua cheia,
Três metros de sonhos que o desejo incendeia,
Três metros mais longe da solidão.

Quero ser teu a três metros do chão.
Três metros mais dentro de um dia que em ti clareia,
Três metros de beijos inspirados nas ondas da maré-cheia,
Três metros de vontade esvoaçante nas asas da ilusão.

Quero abraçar-te a três metros do chão.
Três metros de uma distância que a razão receia,
Três metros de beleza que a alma saboreia,
Três metros, suficientes para ouvir o bater do teu coração.

Quero amar-te a três metros do chão.
Três metros do calor do toque p’lo qual o meu corpo anseia,
Três metros de uma intensa luz de estrelas que nos rodeia,
Três metros de loucura presa por um fio de paixão.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Distância (2º acto)

[...] o ambiente ficou pesado e triste... mas ele não sabia o que fazer e eu disse que o melhor seria não nos vermos, pois já se sabia o que acontecia. E ia evitar falar com ele agora também... Ele ficou triste e disse que não me queria ver triste, porque assim ainda ficava mais! Mas é o melhor [...]

(excerto de uma história que ainda não acabou de ser escrita... e que ainda pode ser bonita)


A distância não é cura para nada!
Não apaga memórias nem esconde a vontade.
O silêncio, só sabe acentuar o bater do coração
E a falta que faz o toque de uma mão.
O escuro, apenas consegue libertar mais o pensamento
E recorrentemente, trazer uma lembrança de saudade.
A distância não é melhor que essa dor exacerbada,
Por se ser tudo e pensar que não se é nada.
A ausência, não provoca qualquer noção de realidade,
Pois que o sentimento maior, não se mede pela razão,
Nem o desejo é limitado por uma qualquer dimensão.
A distância é medo de enfrentar o momento,
Em que o dia se pinta em tons da mais pura verdade.
É medo de voar mais alto do que a vida cansada,
De ver fugir um olhar, a troco de quase nada.
A distância é comodidade.
É ir e nunca mais voltar.
É desculpa para parar de procurar a suprema liberdade.
É vazio, é a falta de um corpo, de uns braços para morar,
De um porto de abrigo numa noite gelada.
É o grito mudo que suplica por uma presença desejada,
Por um beijo repleto de paixão…
Que nunca se vê chegar…
E dói, como uma agulha, na pele, cravada
A distância é silêncio… é ausência… é escuridão

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Sonho de uma tarde de verão

O perfume das flores serpenteia por entre os nossos sorrisos ao ritmo da música dispersa que nos inspira e nos leva, para bem longe, a imaginação.
O céu está num tom azul de todas as cores, salpicado por castelos de algodão suspensos no ar pela ternura do toque da tua mão.
Ao fundo, em harmonia com o esvoaçar dos pássaros, percebe-se o alegre movimento das crianças a correr e a brincar.
A luz do sol invade-nos as almas, libertando-as para se unirem sem restrições, nesta tarde em que as mãos se agarram, para jamais se quererem largar.
Bebo as palavras directamente da tua boca em intensos tragos de um desejo que os meus olhos não conseguem esconder,
E neles podes ver-te nas imagens de uma vida, em flashes de memória futura que desfrutas em sensações de ilimitado prazer.
O calor da tua mão no meu peito confessa-me o que sabes que sinto também e que todas as coisas à nossa volta, pouco importam para o que queremos ser.
Abraço-te. Abraço-te com força para te sentir dentro de mim. E no silêncio do ar que respiro profundamente na tua pele, percebo que o meu dia nada mais precisa ter.
E no dia em que o sonho continua, somos leves demais para voltar ao chão e deixamo-nos ir ao sabor da brisa amena do verão.
O céu é a nossa pista de dança e as nuvens são as almofadas onde nos recostamos, frente a frente, em mútua contemplação.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Uma noite sem son(h)o

Um mundo sem cor que prende ao chão,
As forças de um ser a correr de paixão.
As mãos que se largam e se afastam lentamente,
Recordando a ternura de um toque ausente.
Um rosto à janela desaparece no céus,
De um tempo que é curto para mais que um adeus.
Uma luz que se apaga no horizonte da ilusão,
Faz do “até já”, o “até sempre”, pelo acenar de uma mão.
Um coração acelerado, numa dor dilacerante,
Num peito apertado pelo desespero do instante.
Uma voz longínqua do outro lado do mundo,
Relembra a vontade num golpe profundo.
A sombra de um desejo que nasce perdido,
Na esperança de um beijo de sentido esquecido.
Um vulto na noite disposto à loucura,
Engole em seco, sem perder a postura.
Um olhar de saudade demasiado embargado,
Outro corpo na cama deitado a teu lado.
Uma porta imaginária para sempre fechada,
Deixa para trás uma vontade trancada.
Uma troca de olhares dilui-se no ar,
Entre quatro paredes sem mais para contar.
Um resto de nada com a ideia de ser tudo,
Perdido nas palavras de um eterno grito mudo.
Uma lágrima na noite brilha no escuro,
Num dia cinzento de incerto futuro.
Uma música triste, som de chuva insistente,
Embala-me o sono onde o sonho é ausente.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Gosto...

Gosto quando te vejo aproximar...
E do som que os teus passos reproduzem nas pedras da calçada
Gosto da forma como os teus dedos brincam com os meus quando passeamos de mãos dadas
E das nossas sombras reflectidas, lado a lado, pelos caminhos de pedra e em paredes caiadas
Gosto de como, sem ti, apenas consigo ser nada
E deste sentimento que todos os dias me faz despertar
Gosto do silêncio que nos rodeia quando os teus olhos se afundam nos meus
E da vontade de te dizer, vezes sem conta, que eles são só teus
Gosto do eco que as tuas palavras deixam no meu subconsciente
E das imagens que persistem em mim, como se estivesses sempre presente
Gosto daquele fantástico olhar quando o teu rosto sorri
Gosto do sabor que fica na minha boca depois um intenso beijo
E de como os meus gestos quase te dizem como te desejo
Gosto... Gosto muito de ti...

domingo, 8 de julho de 2007

Tudo

Adoro-te! Adoro-te!
Quero-te aqui, bem perto de mim.
Quero os teus braços à minha volta.
Agarra-me! Aperta-me!
Ouve a melodia dentro do meu peito.
Dá-me a provar o sabor dos teus lábios quentes.
Quero a tua pele para sentir. Para tocar.
Quero fazer do teu corpo o meu refúgio.
Quero o teu cheiro misturado com o meu,
Fazer do teu perfume o meu oxigénio.
Quero que sejas todo o tempo do mundo.
Todos os momentos.
O infinito espaço onde a imaginação corre solta.
Quero que sejas tudo.
Quero perder-me no teu sorriso,
E nunca…, nunca mais me encontrar.
Quero que te diluas pelos meus pensamentos,
Que apareças por sonhos que percorrem as noites sem fim,
E encontrar-te no meu desejo mais profundo.
Quero ouvir-te.
Quero que me segredes ao ouvido o que sentes.
Quero que me fales de improviso,
E faças, palavra a palavra, o meu dia perfeito.
Quero o mar e o sol numa praia ao fim da tarde.
Quero levar-te em mão pela areia molhada,
E brincar com as ondas e as sombras da vontade.

Adoro-te!
Chega-me…
Não te peço mais nada.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Infinitamente azul

Para além deste azul, há outro azul ainda maior. Uma cor de luz. Uma luz de paz.
Há outra terra, outro mundo, onde não nos chamam coisas que não queremos ser.
Onde o vento sussurra o nosso nome em uníssono com o som da folhagem das árvores, enquanto vai ondulando a relva verde da esperança que temos que o tempo apenas passe devagar.
Para além deste azul, há outro azul. O azul pintado no céu de um dia maior. Maior do que todos os mares e todas as montanhas, porque é feito de sonhos.
E os sonhos são infinitamente maiores do que tudo o resto que nos rodeia.
Os sonhos são feitos de fotografias coladas às paredes da memória, que as vai juntando e delas cria um filme com apenas duas personagens. Infinitamente ligadas.
E apenas duas são as personagens desse filme, porque tirando as árvores, nada mais o azul desse céu reflecte no chão. O chão coberto dessa relva verde da esperança que temos que o tempo apenas passe devagar.
Para além deste azul, há outro azul ainda mais azul. Tão azul, que nele apetece mergulhar de cabeça, como nos sonhos, em que tudo é possível. Tão belo, que infinitas vezes me faz pensar em voltar para trás.
Que me prende a um universo onde não nos chamam coisas que não queremos ser. Onde não temos coisas que não queremos ter. Onde as vontades se entregam à brisa da tarde e se mostram para nunca mais terem que se esconder.
Para além deste azul, há um outro azul reflectido vezes sem conta no meu olhar. Porque dele, não o consigo desviar.
E a pretexto de o contemplar, abro a porta de entrada para uma infinita forma de estar. Para uma especial forma de amar, que encontrei, perdida, na profundidade dos teus olhos.
Para além deste azul, há um azul intenso de sentir. Há uma mão estendida na minha direcção que me agarra a vida com intensidade e me puxa com a magia da lua cheia.
Há um beijo. Um infinito beijo. Há um toque na pele. Um infinito toque na pele. Há duas almas. E apenas duas. Infinitamente ligadas.
Para além deste azul, há outro azul. O azul de uma outra água. Água de um outro mar, reflectido no brilho escuro do teu infinito olhar.