segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Não sou eu

desenho de Alberto Farah

Não consigo adormecer…
Está escuro.
Imagens recorrentes, repetitivas, sucedem-se no meu pensamento e atormentam.
És tu e o teu corpo. Despido…
É o teu corpo subjugado a outro corpo. O corpo de um homem.
Um homem que não sou eu!
São as tuas pernas abertas, prontas a acolher um corpo. O corpo de um homem.
Um homem que não sou eu!
É parte de um corpo dentro de ti. Parte do corpo de um homem.
Um homem que não sou eu!
São os teus dedos cravados nas costas de um corpo. Um corpo que sente e se deleita no teu âmago.
Um corpo que não é o meu!
É a pele branca e macia das tuas nádegas, afagada por uma mão áspera.
Uma mão que não é a minha!
É o bico róseo do teu seio, erguido, saboreado por uma língua amarga.
Uma língua que não é a minha!
É o teu prazer clamado que ecoa num quarto estranho.
É a tua súplica intensa por mais, recitada para um público onde eu não estou!
É a palavra amor soletrada a um ouvido.
Um ouvido que não é o meu!
É a dança dos corpos culminante na exaustão de um vigoroso grito de volúpia.
É parte de alguém que fica em ti. Que absorves. Que recebes no teu colo de intimidade.
É parte de alguém que não sou eu!
Está escuro.
As imagens são lúcidas.
Sim, és tu. Despida…
E mais alguém. Alguém que não sou eu!

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não, não sou eu.

Maria

12:44 da tarde  

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