quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Intermissão
365 dias depois do primeiro sonho aqui partilhado, sinto ser chegada a altura de fazer uma pausa. Uma intermissão. E é apenas isso: uma interrupção temporária, um virar de página, o final de um ciclo, o encerrar de uma fase, ou simplesmente, um parágrafo que acaba com reticências. Não uma pausa nos sonhos, porque isso seria como parar de respirar, parar de viver. Impossível!
Falo de uma pausa reflectiva destinada a dar mais atenção à realidade. Realidade que ultimamente tem exercido uma enorme pressão sobre mim, reclamando que lhe dedique mais tempo de pensamento do aquele que tenho dispendido com ela. A incontornável realidade tem-me colocado algumas questões para as quais ainda não encontrei respostas. Respostas que sinto necessidade de dar, também a mim mesmo. Assim, mais do que uma simples necessidade, essas respostas, podem ser o traçar de um caminho a seguir daqui em diante.
E mesmo assim, no meio destas questões (aceitando com naturalidade o facto de haver quem lhe chame dúvidas em vez de questões), muitas certezas eu fui conquistando e sentindo ao longo destes 365 dias, mas não são suficientes, apesar das fantásticas sensações que me causaram.
Ainda que alguns dos sonhos aqui descritos se tivessem tornado numa pura, sincera, apaixonante e lindíssima realidade e ainda que isso me deixe extremamente feliz, sou mais exigente. Quero mais. Quero muito mais. Por isso, esta pausa para reflexão tem como finalidade principal, descobrir uma forma, se a houver, de tornar todos os outros sonhos, realidade. Esses e os que forem acontecendo entretanto.
Talvez esteja a ser ambicioso demais. Ou até prepotente. Porque há quem nem um consiga realizar, enquanto eu confesso, sem qualquer pudor, que realizei alguns deles. Considero-me, por isso, um ser privilegiado. Devia sentir-me satisfeito? É possível que devesse, mas não sinto.
Será que todos os sonhos se podem transformar numa realidade completamente satisfatória? Será que há forma de isso acontecer? Será que há respostas para todas as questões? Não sei. É isso que pretendo descobrir.
Não é uma despedida, é um...
Até breve...

Admirável dor

Anseio beijar mais centímetros da tua pele de seda pura,
E respirar o oxigénio dos teus profundos suspiros de prazer libertado.
Anseio sorver num só trago, longo e demorado,
O mel que te escorre da língua,
E sentir a força dos teus braços quentes a apertar-me contra o teu peito pulsante.
Anseio admirar o teu corpo nu, prostrado sobre o leito branco, e sem que te movas,
Delinear com a ponta dos dedos, a tua silhueta esculpida a golpes de perfeição.
Anseio gravar o teu nome na minha alma despida,
E deixar correr-me no sangue o cheiro bom que dos teus poros é emanado.
Anseio que me segredes ao ouvido o que te trouxe aqui,
E que me dês a certeza de um olhar transparente e cintilante.
Anseio que me absorvas,
Que me prendas a ti!
Que me craves as unhas na carne num impulso de loucura!
Que me enlaces entre as tuas pernas!
Que deixes fluir toda a vontade de seres vida!
E que me leves à lua,
Para que as memórias deixem de ser apenas um instante,
E se transformem em imagens eternas.
Anseio que sacies a tua sede nos meus lábios húmidos de paixão
E que os mordas de desejo
Um beijo, outro beijo
Um grito de dor
Admirável dor que me rasga o peito
Um grito de Amor,
Incontrolável Amor no qual me deleito.