terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Chuva

A chuva derrama toda a sua angústia sobre os nossos corpos estáticos
Hipnotizados na profundidade de um último e incomportável olhar
A água gélida escorre-nos pelas faces, diluindo o sal ardente das nossas lágrimas na despedida
Difícil é suportar este hábito que temos de caminhar em sentidos opostos
Mas também, ninguém disse que seria fácil, ainda mais quando as histórias, como esta, são escritas em momentos mágicos
Como o mais belo sonho do qual jamais queremos acordar
Onde nos abraçamos sob a bênção de uma chuva diferente
Uma chuva límpida e quente
E em fundo, um arco-íris de mil cores, um campo de coberto de flores, completam uma tela colorida
Pintada com a inspiração dos sorrisos encharcados de emoção, estampados nos nossos rostos

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Melodia

Dedilhas as cordas do meu corpo com arte
Com a ternura da mais doce carícia
Os meus lábios reproduzem uma melodia de comoção
Como o lamento dos violinos numa marcha celestial
Antecipando, na manhã seguinte, a saudade
Reflectida no brilho dos teus olhos
Que profundamente me lêem os pensamentos...
Consigo, finalmente tocar-te
Saciando um desejo adiado pela distância
Encurtada pelo tom de uma linda canção
Composta por um autor genial
Maestro que brinca com a essa vontade
Que já se ouve muito para além dos sonhos
Numa harmoniosa composição em diversos andamentos

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Sem ti

Sem ti, estou perto do nada
Sem ti, sou uma alma amargurada
Sou uma pauta sem qualquer nota
Uma fonte onde não há nem mais uma gota
Sem ti, estou meio perdido
Caminho numa rua sem sentido
Sem ti, sou uma folha branca, vazia
Feita em pedaços, rasgada
Onde um dia se escreveu a utopia
Sou uma pedra fria
Uma pedra suja e gasta
Sou o resto de um ser que se arrasta
Por entre a multidão apressada
Sem ti, sou um quadro sem cores
Um jardim sem o perfume das flores
Sem ti, estou perto do nada

Súbita vontade

Tenho uma súbita vontade de chorar
Sem razão aparente
Não sei se de tristeza
Não sei se de felicidade
Não tenho a certeza
Mas deve ser demência
É… provavelmente
O que me faria sossegar
Se não fosse a sua insistência
Porque para te dizer a verdade
Essa súbita vontade
Manifesta-se com alguma frequência
O que me deixa a pensar…
Se a tenho em consciência
Se já a senti anteriormente
Loucura não é certamente
Só há uma possibilidade
Não há que duvidar
Só pode ser… saudade

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Força para viver

Na música encontro o ritmo para percorrer os dias
No teu sorriso, a inspiração para sonhar
No amanhecer encontro uma razão para correr
Nos teus olhos, uma luz para não me perder
Na pressa de a ti chegar

Nada me dá maiores alegrias
Do que no céu azul ler as histórias de encantar
Que escreves com as palavras vindas do fundo do teu ser
Desenhadas com a força da tua vontade de viver
Que é a força da minha vontade de aí estar

sábado, 3 de fevereiro de 2007

De longe

"Talvez te vá encontrar noutro lugar
Talvez te vá encontrar com outro alguém"
Dizia uma canção que tocava num rádio qualquer
Pois... não faz mal, se é tudo isso o que posso ter
É vago o consolo para tão grande desejar
Mas... se assim for... está muito bem
Desde que te possa continuar a ver
Porque... de ti, não consigo desviar o meu olhar
Porque não me chega imaginar
Porque anseio por muito mais do que apenas sonhar
E tu... nem sequer vais notar
Nem sequer vais perceber
Que ali estou para te ver passar
E que as lágrimas não consigo conter
Por não mais te poder alcançar
E tudo o que posso fazer
É entreter o meu olhar
De longe... com o teu sorriso suspenso no ar

( um dia destes, sem querer, descobri uma música que se enquadra aqui, quase na perfeição: Damien Rice - The Blowers Daughter. Faz parte da banda sonora do filme Closer. Deixo o link para o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=Les27Xcc6Ag )

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Quando...

Quando a porta se fecha atrás de ti
E segues em direcção ao escuro da rua
Desejo, mais que tudo, ir contigo
Quando vejo os teus olhos cheios de água
E nela o reflexo de uma qualquer mágoa
Também eu choro contigo
Quando te sinto longe daqui
Bem mais longe do que a lua
Vou também, qualquer que seja o perigo
Quando ficas em silêncio profundo
Rendida à realidade do teu mundo
Tenho vontade de te levar comigo
Quando penso que já te perdi
E a coragem para te falar recua
Revolto-me contra tudo o que não te digo
Quando o teu perfil se afasta no horizonte
E fico parado, a olhar, deste lado da ponte
Pergunto a mim mesmo... porque não te sigo?
Quando recordo a primeira vez que senti
Esta imensa vontade que o tempo não atenua
De ser, nem que por instantes, o teu porto de abrigo
Algo em mim continua a crescer
Tenho uma ideia do que possa ser
Porque não pára de doer
Quando não te posso ter, aqui comigo...