quinta-feira, 31 de maio de 2007

E...

E o impulso foi maior
E superou a razão
E a vontade libertou-se
E a espera aconteceu
E a surpresa não se perdeu
E os olhos brilharam
Iluminados pela lua
No silêncio daquela rua
E o mundo parou
Em admiração
E o sorriso não se conteve
E as palavras fluíram
Nascidas do interior
E os sentimentos revelaram-se
Num instante demasiado breve
Que na alma se eternizou
E os olhares afundaram-se
O meu no teu, o teu no meu
E perderam-se
Absorveram-se
Acenderam-se
Transcenderam-se
Pularam
Brincaram
Foram à lua
E voltaram
E adoraram
Porque se amaram
E as mãos tocaram-se
E os dedos entrelaçaram-se
E a pele não se desprendeu
E os lábios, em aproximação
Quase se entregaram
Numa distância que encurtou
Pela força do desejo
Nos rostos, com um beijo.
E num instante de tentação
Os corpos se abraçaram
Inspirados no bater do coração
E nunca mais se esqueceram
Do preciso momento da união
Do sublime segundo da paixão.
E depois...
Depois, outra vida continuou
Outros dias passaram
Outro caminho
Outro percurso a dois
Que não apagou
O que o tempo, p’ra sempre guardou
Na memória de um sonho
Que ainda não terminou

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Ondas da alma


Quem és tu, corpo perdido na areia?
O que procuras nas ondas desse mar?
Em que infinito prendes o teu olhar?
Quais as respostas por que ele anseia?
Será que alguma vez as vais encontrar?
Será que alguma vez te vais encontrar?
Espero que sim...
Sinceramente, desejo que sim.
Desejo que essas ondas, no seu enrolar
Te tragam a clareza nos dias que chegam
Tenho a certeza que a vais ver!
Porque quem se perde numa paisagem assim,
E nela se funde em espiritual comunhão,
Oferecendo-lhe a alma na palma de uma mão,
Chega bem mais alto, bem mais longe,
Mais além do que aqueles que não se entregam,
Ao dia, como se o último fosse este, o de hoje.
...
Encontrarás um sentido para ser!
Encontrarás uma força, uma vontade sem fim...
Uma vontade sem fim... de viver!

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Os meus olhos


Não, não são só os meus olhos...
Não são só eles que procuram algo no fundo dos teus,
Que seguem o teu olhar até ao horizonte mais distante,
Que por lá ficam a brincar com as tuas ilusões
E fazem delas as estrelas que iluminam todos os céus

Não, não são só os meus olhos...
Não são só eles que admiram a luz do teu sorriso,
Ou os traços dos teu rosto...
Não são só eles que bebem as tuas expressões,
Que as interiorizam em busca das emoções,
Que tentam adivinhar todos os teus sonhos
E fazem deles a fonte dos meus desejos

Não, não são só meus olhos,
Que seguem todos os movimentos dos teus lábios,
Decoram todas as palavras que pronuncias,
Que lêem nas entrelinhas os sentimentos e as paixões,
Delas compõem geniais sinfonias
E depois te convidam para dançar,
Enquanto esperam pela força intensa dos teus beijos

Não, não são só os meus olhos,
Que num simples e breve piscar
Te dizem fazer tudo o que for preciso
Para que vivas a tua vida com gosto
Para que nunca mais te vejam chorar
Só, na sombra do que não consegues alcançar

Os meus olhos são só e apenas a porta de entrada
A janela aberta onde podes ficar debruçada
Para um jardim de flores de perfume inebriante
Para um mundo bem maior, de imensas sensações...
Boas e envolventes sensações...

sábado, 19 de maio de 2007

Entrego-me

Entrego-me em teus braços.
Sou teu... todo e por completo teu.
Sem perdão.
Sem arrependimento.
Sem vontade de me ir embora...
São fortes demais, estes laços,
Que me envolvem a ti!
São feitos de sentimento.
E agora,
Que estou mesmo aqui,
Prova os meus lábios molhados na fonte da paixão,
Como se o amanhã fosse uma suposição
Ou apenas uma série de pensamento perdidos.
Sem forma definida, sem existência.
Sem pressa, sem hora,
Deixa escurecer o dia
E a noite entrar pelos nossos corpos fundidos.
Já não consigo seguir e não ficar.
Já não vou, sem deixar algo de mim para trás,
Atraído pelo mistério do teu absorvente olhar,
Preso à beleza dos teus traços,
À pureza das palavras proferidas em teus lábios,
Ao teu cheiro, à tua cor,
E à elegância de um gesto.
Já não sei viver sem a nossa harmonia,
Sem esta espécie de Amor,
A que nunca mais chamo coincidência.
E se for destino, escrito por velhos sábios,
Já não contesto.
E assim te peço para ficar aqui, em paz…
Não me largues a mão.
Já não sei viver da ausência,
Mesmo quando não estás.

terça-feira, 15 de maio de 2007

O refúgio dos meus sentidos

[...] “Desculpa se te fiz fogo e noite
Sem pedir autorização por escrito
Ao sindicato dos deuses...
Mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
Como refúgio dos meus sentidos
Pedaço de silêncios perdidos
Que voltei a encontrar em ti...”[...]

Toranja, Carta


A suave brisa do início da tarde passa pelos teus cabelos e leva o seu perfume aos confins de mundos desconhecidos, perdidos na ilusão, de um dia descobrir a verdadeira origem de tal fragrância
Enquanto o teu olhar se estende pelo azul do mar, em busca de lugares longínquos, onde o sonho é a realidade e a realidade se confunde com quadros pintados nas telas da imaginação
E eu, a teu lado, percorro os contornos do teu corpo, admiro o teu perfil esculpido no ar pelo sopro dos deuses, absorvido pelo silêncio de palavras que nunca te disse, apesar da vontade...
Não consigo desviar de ti todos os meus sentidos, como se vivesses em mim, e eu em ti, mesmo quando é a ausência que ritma o passar dos dias, marcados por uma incomportável distância
E ainda assim, eu te procuro pelos relvados salpicados de crianças a brincar e a sorrir e pelas movimentadas ruas da grande cidade
Até que te reencontro, numa manhã cheia de luz, precisamente onde a procura começou, aqui em frente a este mar, onde, por mais longe que esteja, os meus sentidos encontram um refúgio e a fonte da sua inspiração

sábado, 12 de maio de 2007

Paris, je t’aime












Paris da eterna saudade
Que pintas nas telas da memória todas as tuas cores
Em suspiros de admiração
Que fazem levitar, a mil metros do chão,
Na torre de ferro, de infinitas estrelas iluminada
Todas as fontes da imaginação
Paris da ostentação e da grandiosidade
Paris de todas as sensações,
Da intensa luz que não escurece o dia
E que despertas as mais sublimes emoções
Paris da paz e do triunfo dos amores
Cidade do tudo e do nada,
Dos passos ritmados pela alegria
Sobre as imensas pontes do passado,
Em direcção ao futuro e ao azul do céu
Parando no presente para inspirar,
Em cada esquina, o perfume das flores
Paris do rio serpenteante, que em veneração
Suavemente banha os teus pés
Enquanto nas margens floresce o desejo
De as partilhar contigo, a meu lado
Na espontaneidade dos pensamentos
De mão dada, nem que por breves momentos
Paris dos verdes jardins
Salpicados de gargalhadas
E de corpos que se estendem no relvado
Em contemplação dos raios de sol, quentes
E da inspiração das imagens de amores ausentes
Ou da presente realidade de um beijo
Paris das esplanadas coloridas
Voltadas para ruas escondidas
Onde se faz arte da insanidade
E da saudade se faz música para sonhar
Paris, o que eu sonho para ti voltar...
Ainda que o sonho seja curto para te mostrar o que és
Se me quiseres, para sempre serei teu...

quinta-feira, 3 de maio de 2007

O Beijo


Dois corpos entrelaçados,
Dois amantes destinados
Ao descanso eterno de um abraço quente de paixão
Esculpidos na pedra polida pelo correr do tempo
Em contornos de perfeição
São apenas um...
Inseparáveis... indiferentes ao mundo
Como deuses no Olimpo
Unidos num objectivo comum
De fazer do Amor, um prazer profundo
A pele na pele... um toque de pureza, sem cor
A mão na perna com suavidade
Os olhos cerrados com a força da certeza
O braço à volta do pescoço, com firmeza
Lábios que se unem na vastidão de um Beijo
Duas almas unidas, nessa forma de ser maior
Saboreiam o momento de um intenso desejo,
Com esse Beijo,
Por toda a eternidade...


(Beijo: do Lat. basiu, s. m., acto de poisar os lábios nalguma pessoa, ser ou coisa em sinal de amor, afecto ou veneração; ósculo; contacto leve)