domingo, 24 de junho de 2007

Agarra o dia

Agarra a vida.
Vive-a como a sentires. Como ela se apresentar perante a tua vontade.
Saboreia-a até ao mais íntimo paladar.
Suga-a por completo. Cada minuto. Cada segundo.
Devora-a intensamente, como devoraste os meus lábios naquela tarde em que todos os sonhos se transformaram em desejos,
E os desejos se materializaram em apaixonados beijos.
Agarra o dia.
Agarra todos os momentos de que ele é feito e nunca mais te sintas perdida.
E ainda que a distância te leve frequentemente a percorrer os caminhos da saudade,
Fecha os olhos. Fecha os olhos e imagina os meus lábios que se aproximam para te beijar…
Sentes? Sentes que aquilo que nos une é demasiado intenso? Demasiado profundo?
E agora, se a inexplicável marcha do destino me levasse para longe, acho que era eu que me perdia.
Por isso, agarro a tua mão e vivo contigo. Vivo em ti todos os breves instantes que o sopro da tua vida me dá para respirar.
E em mim, deixo-te viver livremente. Deixo-te fluir pelo meu sangue. Deixo que agarres o meu dia e o leves para o calor do teu corpo. Agarra-me, com a força de nunca mais largar.

sábado, 23 de junho de 2007

One precious moment

You’re the one that make my life seem real
By the way you’re making me feel
All these great things, inside
Like today
So, just let me stay
Hold me in your arms, like there’s nothing else around
I just want a few minutes far from the other me
And be that other face
The one that reality doesn’t want to see
I want to make of your little space,
My whole and complete world
Say all the things that I want to say,
Without even a word
Without even a sound
All the things that my eyes can’t hide
Those things that your eyes are saying too
I want to seize the day
And be lost in it, without a trace
In a precious moment with you

terça-feira, 19 de junho de 2007

Não há dias maus

Lá fora pode estar a chover diluvianamente,
Encharcando as páginas do livro da vida que folheio
Mas nem por isso é um mau dia
O vento pode até soprar abominavelmente
Pode parecer que o mundo vai acabar, num repente
Mas nem por isso é um mau dia
Pode até o frio tentar gelar-me o sangue nas veias
Mas nem assim, será um dia mau
Porque nunca o conseguirá, certamente
Pois meu corpo, em teus braços, estará sempre quente.
O som do trovão pode-se ouvir lá longe, ameaçadoramente
Prenunciando todos os meus medos, tudo o que receio,
Como que a querer lançar um raio contundente
Sobre a terra dos sonhos e das ideias
E mesmo assim, nunca será um dia mau
Pode o agreste Inverno estar aqui, paredes meias,
Pode o céu cobrir-se de negro, bruscamente
E o sol nunca mais brilhar intensamente,
Que eu não direi que está um dia mau
...
Porque me entras pelo olhar, com toda a tua cor
Porque me alimentas os sonhos, constantemente
Porque me trazes toda a paz, todo o calor
E tudo o que preciso, estampado no teu rosto sorridente

segunda-feira, 18 de junho de 2007

As horas que passaste em mim

No reboliço da cidade, um instante de paz trouxe-me a ti.
Fui conduzido por um inexplicável pressentimento que me fez andar, sem descanso. De alguma forma, eu soube que te ia encontrar.
Percorri um caminho que parecia não ter fim e ainda que, por vezes, me tivesse sentido meio perdido, não desisti.
Atravessei a multidão que, naquele dia, parecia andar em sentido contrário, como se todas as pessoas se tivessem unido para não me deixar continuar. Mas não desisti.
Abri o meu caminho com a força do sentimento, mesmo que durante o percurso, diversas fossem as vozes a chamar pelo meu nome, em sucessivas tentativas de me fazer olhar para trás. Mas não olhei, porque te queria alcançar.
E nesse dia, consegui.
Estavas parada e observavas o infinito. Aproximei-me devagar para não desviar o teu olhar, mas sei que sentiste a minha presença. O meu respirar.
Olá.
Olá. Estava à tua espera. Já não era sem tempo.
Eu sei. Senti a tua mão estendida. Nada mais quero do que segurá-la. Posso? Só por um momento…
Está bem. Mas promete que não apenas por um momento…

E iluminaste-me com o teu sorriso.
Pelas horas desse dia, as palavras fluíram com a mesma vontade que um rio de água pura tem para chegar ao seu mar.
Falámos do tudo e do nada. Falámos de nós e dos outros. De histórias presentes, de histórias passadas.
Passeámos pelo verde, rodeados pela primavera de todas as cores.
Olhámos o sol de frente, banhados pelo perfume das flores.
Sempre lado a lado. E sem resistir ao impulso, demos por nós de mãos dadas.
Os dedos entrelaçados, perfeitamente encaixados, ligaram a nossa existência. E naquele lugar, nada mais foi preciso.
Tudo estava no sítio certo. No tempo certo.
As horas passaram a uma velocidade alucinante, ao ritmo do bater nos nossos corações.
As horas passaram e a imagem projectada pelos teus olhos, eternizou-se em mim.
As horas passaram e trouxeram o inevitável pôr-do-sol. O inevitável regresso ao ponto de partida.
Olhei-te nos olhos mais uma vez, pouco antes do nosso dia chegar ao fim.
Embargaram-se de lágrimas todas as palavras que te queria dizer antes de seguirmos. E soltou-se um desajeitado beijo, na despedida.
Pouco para a dimensão do desejo. Imenso para os despertar das mais sublimes sensações.
Parti em busca do azul. O grande azul. E encontrei.
Na recordação levei as horas que passei contigo. As horas que passaste em mim.
Ainda gritei o teu nome, de peito aberto.
E do fundo da alma, uma voz suave segredou-me ao ouvido: Eu sei… e dessas horas, nunca mais me esquecerei…

terça-feira, 12 de junho de 2007

Louco

Serei louco?
Muito provavelmente!
Talvez um pouco.
Para não dizer, completamente.

Mas mesmo na loucura, encontro uma razão
Para te dizer tudo o que digo
Para tocar ao de leve na tua mão
Mesmo quando não estou contigo

Sou louco, quando sorrio sozinho
Ou quando aceito os teus convites em entrelinhas
Sou louco, quando fico no meu cantinho
A sonhar com vidas que não são minhas

Sou louco, quando quero ser maior do que o mundo
Quando quero ter-te só para mim
Agarrado a um sentimento profundo
Que nos teus olhos parece não ter fim

Sou louco, quando da tua palavra faço uma história
Quando do teu gesto faço uma longa-metragem
E quando te guardo nos recantos da memória
Para te levar quando parto em viagem

Sou louco, quando quero abraçar as estrelas
Quando faço do teu azul o meu mar
E das nuvens as minhas caravelas
Para todos os teus sonhos navegar

Sou louco, quando te escrevo tudo o que não devo escrever
Quando te falo tudo o que não devo falar
Mas se tudo isso é o que te quero dizer
Porque haveria eu de me calar?

Sou louco, quando te pinto um quadro de mil cores
Ou a saudade de um encontro fugaz
Num relvado perfumado pelas flores
Onde um dia te ofereci uma mão cheia de paz

Sou louco, quando em dias de tempestade
Saio à rua para dançar com a chuva
E quando ao som do trovão canto a minha vontade
É um adjectivo que me assenta como uma luva

Sou louco, sim. Digo palavras sem sentido
Descrevo lugares distantes que nunca vi
Na realidade, ando meio perdido
Prefiro imaginar o caminho para chegar a ti

Sou louco, está bem. Podem olhar-me de lado
Podem até rir-se das palavras que escrevo
Pouco me importa. Não me sinto nada abalado,
Se comigo, a lembrança dos teus olhos, levo

Serei eu, então o louco?
Por querer encontrar tudo o que te faz sorrir?
Talvez. Talvez seja um pouco.
Mas mais louco seria quem não te fizesse sentir…

Sentir… verbo invocado apenas por loucos
Dizem os amantes da razão desmedida
Não sabem eles que são muito poucos
Os que ainda não provaram dessa poção apetecida

Pois, sou louco, com toda a certeza
Porque te quero prender em meus braços e voar
Vem, que eu seguro-te com firmeza
Voaremos pelo sonho até a manhã raiar

E com tudo isto, chego à conclusão
Que sofro mesmo de loucura
Outros sábios a chamam de paixão
E essa, é uma doença que não tem cura

Pois então, a ser louco estou condenado
Dos dias de hoje até à eternidade
Não faz mal. Não é nenhum triste fado
Mas sim a música com a mais bela sonoridade



(imagem retirada do videoclip da música Superstars de David Fonseca: http://videos.sapo.pt/FozFiQCyG9h6AIH17Zmh)

sexta-feira, 8 de junho de 2007

No aconchego da tua rede

A suave brisa do final de uma tarde de início de verão,
balouça a rede onde os nossos corpos entrelaçados absorvem o calor dos últimos raios de sol, do dia em que a imaginação me trouxe ao teu mundo.
A tua voz, doce melodia, leva-me a um lugar onde nunca antes tinha estado,
porque ainda não me tinha atrevido a entrar pela porta que abriste de par em par, no momento em que me contaste o primeiro de todos os teus sonhos.
A mesma porta que te abri quando resolveste entrar pelos meus.
E agora que aqui me deixo estar, percebo o tempo perdido em silêncios, nessa incerteza,
porque na rede que nos envolve, sinto com intensidade, a razão de tanto precisar do teu sorriso e da luz que me dá o brilho dos teus olhos.
E com a mesma intensidade,
sinto o porquê de ser tão difícil largar a tua mão.
No teu toque, encontro uma explosão de emoções à flor da pele, um fogo de artifício deslumbrante, de sensações, que crescem de dentro. Bem lá do fundo.
E encontro uma outra vontade.
Uma outra realidade.
Uma outra verdade.
E quando pensava já ter esquecido o prazer da dor de uma ausência, por pelo menos, num instante já ter amado,
recordaste-me o sentido da saudade.
Mesmo quando o vaguear da mente torna quase real a minha presença nesta rede, onde nos aconchegamos, observando o azul dos céus. De todos os céus.
Um azul, quase tão azul como a sombra dos teus olhos, que avistam a linha do horizonte recortada pelos grandes montes, e tentam adivinhar quais os segredos que se escondem do outro lado.
Mas por agora, sente o momento. Deixa-te embalar pela brisa amena que te limpa o pensamento e te liberta. Apenas sente.
Fecha os olhos e entrega-te por completo às imagens que, como um filme, vão passando na tela à tua frente.
Vive nelas. Vive delas, como se fosse essa a tua forma de ser, a tua natureza.
E então, debruça-te no meu peito e respira o ar do presente,
enquanto eu passo os dedos pelos teus cabelos, ajeitando-te a franja que teima em cair sobre a tua testa e deposito um beijo, no canto da tua boca, delicadamente.

sábado, 2 de junho de 2007

Quando te disser tudo

Quando te disser tudo, serei transparente e límpido como um copo de água pura.
Poderás então ver, através do meu corpo, todos os caminhos que se apresentam à tua frente,
E ainda que não lhes consigas ver o fim,
É possível que nenhum deles te traga de volta para ao pé de mim.
Mas nada disso importa, porque poderás beber essa água e matar a tua sede, em impetuosos tragos de liberdade,
Poderás sentir o vento a navegar os teus cabelos soltos, espalhando o perfume da tua pele pela nossa existência.
Não é de uma escolha que te falo, mas sim de um sentimento que perdura,
De uma força interior que me impulsiona os dias e me faz viver compulsivamente.
Quando te disser tudo, poderás perceber, finalmente, o que me traz de volta e o que me leva para perto da saudade,
E se ainda não te disse, é porque até agora não descobri as palavras certas, ou porque já me habituei à ideia da tua ausência.
Ou então, é porque anseio por reencontros marcados em bancos de jardim, nas tardes de sol de uma qualquer cidade.
Não sei, mas seja qual for o caso, no instante em que te disser tudo, estarás perante a maior e mais genuína verdade.