sábado, 22 de setembro de 2007

O mais belo quadro


Os dias fazem passar diante dos meus olhos imagens que já não reconheço.
Trago presa a mim a vontade de sentir na cara a força de outro ventos,
De sentir na pele o calor de outro Sol por mais do que alguns momentos,
Ainda que sempre demasiado breves,
Me dão a persistente sensação de serem meus.
Naturalmente meus.
Porque toda a vida que deles resulta faz um sentido imenso.
E o tempo vai percorrendo serenamente o horizonte onde nos debruçamos,
Espreitando as horas que se seguem,
Inspirando com intensidade todos minutos, que nunca se perdem,
Realçando a pureza que impulsiona todos os nossos gestos livres, leves,
Soltos no ar,
Todas as nossas palavras, tingidas de sensações transparentes,
E todos os sons de uma harmoniosa beleza que nos invadem as mentes.
O quadro é tão real, que faz qualquer sonho parecer demasiado possível de realizar,
Que, inesquecível, na memória se faz perdurar,
Como a simplicidade de uma brisa que sopra pelos teus cabelos quando nos olhamos,
Como a doçura que me deixas sentir nos teus lábios quando nos beijamos,
Bem cá em cima, junto a estas nuvens que percorrem o céus,
Gigantes e confortáveis flocos de algodão,
Pincelados em tons escarlate pelas emoções incandescentes,
Tão suaves e quentes,
Como o toque da tua mão.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ordem no caos


Luz. Intensa luz.
Cor psicadélica.
Som. Persistente som.
Ensurdecedor.
Sistemático.
Caos dentro de mim.
Sistemático caos.
Espiral de ilusão.
Desconexa lógica.
Geometria de curvas.
Loucura harmoniosa.
Loucura…?
Sangue fervilhante nas veias,
Ardente,
A rasgar.
Explode no peito.
Em graves tons,
Com o teu nome no fim.
Ruídos mudos.
Ecos surdos.
Sem palavras.
Apenas imagem.
Flashes de ideias turvas.
Clarificadas.
Iluminadas.
Pela tua luz.
Na tua cor.
Viagem,
Ao mundo perfeito,
Ainda por inventar.
Infinita viagem,
Rumo ao futuro.
Corrida de paixão.
Velocidade vertiginosa.
Vontade que me conduz,
Pela rua escura,
No regresso a ti.
Esse desejo maior,
Que te traz aqui,
A pulsar,
Intensamente,
Dentro de mim.

(Coliseu dos Recreios, Lisboa, 17.09.2007)

sábado, 15 de setembro de 2007

Perfume

(curta metragem de uma história sonhada com os olhos bem abertos)

1ª Cena – A surpresa

De surpresa, um odor doce e intenso inunda-me a alma e abraça-me ser.
Fecho os olhos e inspiro-o profundamente antes de olhar em meu redor.
Ao abrir os olhos vejo apenas um vulto negro.
Um corpo elegante de mulher, envolto num vestido preto, a deslizar por entre a multidão colorida.
Sigo-a, fazendo o meu caminho ao sabor do perfume disperso no ar.
Inesquecível.
Interessante.
Deixo de a ver.
Perco-a de vista por entre a música e as gargalhadas de alegria.
Procuro-a pelas longas e agitadas salas do palácio de nuvens brancas.
Corredores infinitos inundados pelo aroma inebriante.
Não a encontro.
Volto às conversas banais e penso ter imaginado tudo.
Mas o perfume ainda lá está.
Suspenso no ar.

2ª Cena – A curiosidade

Por detrás da máscara branca, finjo tomar atenção a todas as palavras que me são dirigidas.
Na verdade, por detrás da máscara branca os meus olhos correm todo o espaço, numa procura incessante.
Volto a inspirar profundamente.
O perfume entra em mim.
Flúi por mim e misturando com o sangue quente que me corre nas veias ao ritmo da música feita nas asas da inspiração.
Sinto a magia.
A curiosidade mata-me devagar pela sede que tenho de saber a fonte de onde emana esse misterioso odor.
De que corpo, de que pele?
De que perfil, de que silhueta de sonho?

Mas sonho não pode ser.
É real demais para ser apenas fruto da imaginação.
Tão real como a necessidade de o respirar.

3ª Cena – O encontro

Percorro e observo toda a sala, uma última vez.
Demoradamente.
Estou prestes a fazer daquele corpo envolto num vestido preto, apenas uma lembrança.
Uma ilusão.
Mas, num instante de atracção, o meu olhar fica preso a outro olhar por detrás de uma máscara preta.
Dois olhos escuros, de uma luminosidade infinitamente cativante prendem-se aos meus por um segundo.
Depressa se baixam numa charmosa e deslumbrante timidez.
Não lhe resisto.
Avanço por entre as pessoas e os chapéus altos e os penachos sedosos, sem nunca desviar a minha atenção.
Quem és tu?
Quem se esconde atrás dessa máscara preta?

Sem palavras, pega-me na mão e conduz-me até à pista de dança.
Encosta-me a si.
Dançamos por todo o tempo de uma noite sem fim
Por todo o tempo que um instante pode demorar.

4ª Cena – O beijo

O seu perfume intensifica-se em mim.
Impregna-se-me na pele e na alma.
Os meus braços fundem-se nos seus como inquebráveis laços.
Sinto todo o seu calor.
Os nossos lábios aproximam-se, lentamente.
Tocam-se, suavemente:
Um beijo.
A música calma embala-nos o momento.
As luzes surgem nos céus em comemoração.
Cores e mais cores pintam o cenário de fundo.
Mesmo por cima da floresta de bambu.
No relvado, coberto de neve, desenrola-se a elegante dança de um grou.
No lago gelado, a água da fonte mágica sobe e desce e volta a subir com a força da paixão.
Com a força do desejo.
E duas silhuetas esculpidas pelo luar, avançam pelo desconhecido da noite.
Rumo a qualquer canto do mundo.
Com o delicioso perfume, à nossa volta, disperso no ar.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Em dias assim

É em dias assim que me refugio em lembranças.
Lembrança do teu sorriso.
Lembrança do brilho dos teus olhos.
Da tua pele, recordo o cheiro.
Dos teus lábios, relembro o toque.
Da tua boca, sinto ainda o sabor.
Lembrança do teu suspiro.
Bem junto ao meu ouvido.
Lembrança das tuas palavras.
A fluir por mim como água límpida.
Água pura e transparente.
E em todas elas encontro um perfeito sentido.
Sentido de vida.
Vida corrente.
Fresca. Água de nascente.
É em dias assim que a solidão ganha forma de saudade.
E a escuridão ganha esperança de ser luz.
Em sonhos.
Nos teus. Nos meus.
Repletos de vontade.
É em dias assim que o vazio me aperta o peito.
E dói.
Dói por não saber ser mais do que aquilo que sou.
Dói por não saber dizer mais nada.
Dói até à última lágrima contida.
Até à última lágrima não chorada.
Queria ser maior do que tudo isso.
Queria que me visses bem maior do que tudo isso.
Queria saber dar-te mais.
Muito mais.
Queria duplicar as horas e os dias.
E dar-lhes toda a luz do Sol.
Os seus raios, o seu calor.
Queria pintar o teu mundo de outras cores.
Queria dar-te a provar outros sabores.
Mostrar-te outros lugares.
Longe de todos os lugares comuns.
Outros rios, outros mares.
É em dias assim que grito o teu nome para dentro.
Esteja onde estiver.
È em dias assim que ando perdido.
Perdido em pensamentos desconexos e confusos.
Que só tu sabes ler.
Ler no meu olhar.
Que só tu sabes entender.
Mesmo sem te falar.

domingo, 2 de setembro de 2007

(untitled)

Everybody’s telling me how to live
Everybody’s telling me how to love
But the world I want to smile in, is right up above
Where we dare, completely, our souls to give

All I need is you, right here, right now
All the answers I seek are in the light of your eyes
This may come, to many, as a surprise
But love does make its path, always, somehow
Pensei que o Amor fosse paixão
Mas não é só isso... não.
Percebi-o ao sentir a palma da tua mão
No meu peito, bem perto do coração
Fecha os olhos...
Sentes?