quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Viagem no tempo

Segundos, minutos, horas, dias. Retalhos de um tempo que teima em correr para parte incerta. O futuro. Pormenor de um tempo que apenas consegue ser presente, porque do passado apenas restam as palavras. Sons que se transformaram em silêncio, no dia em que delas se quis falar muito. Que não se proíba a sua propagação aos ventos se elas forem desejos e vontades. Verdades que não se atiram dos abismos da realidade para se desfazerem na poeira da estrada desbravada numa nova viagem. O fantástico está no deslocamento do ar a passar pela face e pelos cabelos e do vento que sopra contra os corpos que seguem de braços abertos. A beleza está nas árvores e nas nuvens que ficam para trás a uma velocidade alucinante, elas sim, que fazem a contagem do tempo que levamos a chegar ao destino. Ainda que seja familiar, na memória ficam todos os locais que fizeram parte do caminho e onde, pelo menos por um determinado intervalo do tempo, tiveram a ilusão de poderem ser o fim do trajecto. O deslumbrante é o percurso que o tempo, em contínuo movimento, construiu à sua passagem. As paragens que as tempestades obrigaram a fazer, criando o espaço para a alma divagar e gravar palavras feitas de emoção nas pedras e no chão de caminhos inventados pelo sonho. O fascinante está sempre depois da próxima curva, que preserva a surpresa, enfrentada de mãos dadas, apertadas com a força que faz a incerteza ser empolgante expectativa e a insegurança evaporar-se num raio de sol, ao anoitecer. E mais uma noite cobre todo o céu para se poder descansar sob as estrela brilhantes que guiam outros viajantes. E outro dia amanhece para ser vivido no máximo esplendor da luz que ilumina um mundo inteiro à espera de ser descoberto. Porque o passado foi, o presente é sempre e o futuro, não sei o que é.
Não sei.