terça-feira, 17 de julho de 2007

Uma noite sem son(h)o

Um mundo sem cor que prende ao chão,
As forças de um ser a correr de paixão.
As mãos que se largam e se afastam lentamente,
Recordando a ternura de um toque ausente.
Um rosto à janela desaparece no céus,
De um tempo que é curto para mais que um adeus.
Uma luz que se apaga no horizonte da ilusão,
Faz do “até já”, o “até sempre”, pelo acenar de uma mão.
Um coração acelerado, numa dor dilacerante,
Num peito apertado pelo desespero do instante.
Uma voz longínqua do outro lado do mundo,
Relembra a vontade num golpe profundo.
A sombra de um desejo que nasce perdido,
Na esperança de um beijo de sentido esquecido.
Um vulto na noite disposto à loucura,
Engole em seco, sem perder a postura.
Um olhar de saudade demasiado embargado,
Outro corpo na cama deitado a teu lado.
Uma porta imaginária para sempre fechada,
Deixa para trás uma vontade trancada.
Uma troca de olhares dilui-se no ar,
Entre quatro paredes sem mais para contar.
Um resto de nada com a ideia de ser tudo,
Perdido nas palavras de um eterno grito mudo.
Uma lágrima na noite brilha no escuro,
Num dia cinzento de incerto futuro.
Uma música triste, som de chuva insistente,
Embala-me o sono onde o sonho é ausente.