quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Momento...

La danza de los amantes, pintura a óleo de Jacqueline Klein Texier
As velas que ardem, espalhadas pela sala, aquecem o espaço invadido por uma ténue luz avermelhada,
Ao fundo, consigo perceber um vulto que olha o infinito pela janela do mundo.
Aproximo-me em lentos, mas firmes, passos, enquanto inalo o intenso e doce, delicioso, perfume disperso pelo ar.
O teu perfume.
Envolvo-te com os meus braços e sinto o ritmo de um coração que bate acelerado,
Encosto a minha face ao teu pescoço e respiro fundo,
Num demorado beijo.
Seguras-me, delicadamente, a cabeça com a mão, insistindo para que os meus lábios não se descolem da tua pele macia.
Voltas-te, olhas-me de frente,
Ainda dentro do abraço.
Seguras a minha mão, com firmeza, de encontro à tua face rubra de paixão,
Sugas-me a ponta dos dedos com a tua língua molhada.
Num bondoso gesto, ensinas-lhe o caminho do teu peito...
Toque perfeito...
As gotas do orvalho da noite, presas ao vidro, testemunham a harmoniosa dança das sombras, entrelaçadas pelos longos fios do desejo.
E a lua cheia, de longe, espreita e abre os raios de luz para acolher as estrelas cadentes no seu regaço,
Ilumina todo este momento, escrito nas linhas do céu eterno com a pena de tinta azul de um poeta, por Amor, inspirado.
Momento certo, especial e intenso que me dás para te amar.
Momento onde és chama ardente,
Onde és lume,
Corpo quente que me consome, que me absorve,
No espaço de um tempo que não se move,
Que não passa, que não anda, que não corre.
No espaço de uma noite que nunca se faz dia.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Mais dias escuros (por detrás da máscara sorridente)

[…] Seus olhos meu clarão
Me guiam dentro da escuridão
Seus pés me abrem o caminho
Eu sigo e nunca me sinto só [...]

Excerto da letra da música Velha Infância dos Tribalistas (Arnaldo Antunes/ Carlinhos Brown/ Marisa Monte)

Em dias escuros, os sonhos são como o sol escondido atrás das nuvens negras, carregadas de desilusão, densas e frias.
São como percorrer grandes átrios e longos corredores, desconfortáveis, e ouvir apenas o eco solitário dos passos nas pedras mortas de salas completamente vazias.
E lágrimas são tudo o que a alma faz nascer para escorrer abruptamente pelos traços fundos da expressão e desaguar, gota a gota, em poças secas de esperança.
Em dias escuros, os sonhos são como memórias apagadas pelo passar de um tempo indiferente aos sinais de uma eterna luz de presença,
Farol na noite que se vai negando à vida, apagando-se lentamente.
Em dias escuros, deprimentes, descoloridos, a máscara mantém-se polida, intacta, cravada na pele do rosto, com um sorriso permanente.
Numa cabeça que a tudo vai acenando afirmativamente,
Encaixada num corpo que se move em sentidos predefinidos por cartilhas pensadas, criadas, instauradas, umas escritas e outras vomitadas, por mentes, de certo, muito iluminadas...
Sem grande espaço para voar, o corpo conforma-se aos caminhos percorridos infinitas vezes, sem segredos, sem aventura, sem desconhecido, sem curiosidade... sem a luz ao fundo,
Sem a vontade propagada no ar pelo impulso de um suspiro profundo.
E como a noite chega cedo, apressada e sem aviso prévio, todos os dias se tornam escuros demais para libertar as vastas e poderosas forças interiores,
Aquelas forças que, em breves momentos de transparência, fazem sentir os seres muito maiores,
Maiores do que todas as coisas inventadas que gravitam estáticas à sua volta, penduradas por correntes, presas ao mundo.
E eu, que encontrei uma luz que nem sempre consigo alcançar, uma luz forte, por vezes presente, por vezes ausente,
Não sou muito diferente.
Assisto ao passar das horas, dos dias e dos meses, sem ser grande o suficiente.
E assim, à semelhança de dias anteriores,
Tem estado escuro, hoje, por detrás da máscara sempre sorridente.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Nó(s)

Há dias em que no meu peito vive um nó que insiste em apertar.
Um nó que só tu consegues desenlaçar.
Tudo isso… tudo isso, apenas com um puro e simples olhar…

terça-feira, 13 de novembro de 2007

George & Izzie (Anatomia de um Amor)

Prendes-me a ti!
Agarras-me pelo pescoço!
Cerras os teus braços à minha volta!
Apertas-me de encontro ao teu corpo exuberante!
Dás-me o teu peito para beijar!
Para sentir dentro de mim,
Para tocar...
Dizes-me ao ouvido: “Assim deixas-me louca!”
E, sofregamente, mordes-me a boca,
Que te grita: “Amor!”
Seguro o teu rosto na palma da minha mão,
Perco-me no encanto dos teus olhos,
Absorvo todas as moléculas do teu cheiro,
Para que nunca mais tenhas fim,
Para que persistas em mim.
Tocas-me a face rubra do sangue ardente,
Que me alimenta e que me acende,
Que me liberta e que me prende.
E por entre lábios, língua e vontade incessante,
Escorrem palavras num fluxo errante:
“Amor, quero-te tanto!”
Respondes-me num forte bater de coração,
Quente e terno clamor,
Que me invade e conquista por inteiro...
Envolvo-te num abraço...
Fecho os olhos,
Deixo cair a cabeça no teu regaço.
E enquanto me acaricias com a pontas dos dedos,
E me passas a mão pelos cabelos enrolados,
Solto um murmúrio pelo ar:
“Quero ficar aqui...”
E não apenas em sonhos...
Não apenas neste pequeno espaço,
Repleto de intermináveis segredos.
Mas há uma força lá fora que desata o nosso laço,
Que te arranca de mim...
E deixa a noite num triste pranto.

(O vídeo que eu escolhi para ilustrar as palavras inspiradas nesta história de Amor... talvez impossível, com a música I'll wait for you, de Elliot Yamin)

(O tema Kissing You da Des'ree, não pertence à banda sonora da série Anatomia de Grey, mas enquadra-se muito bem em mais uma história de Amor... talvez impossível)

sábado, 10 de novembro de 2007

Leva-me






Leva-me daqui para fora,
Depressa!
Pega em mim e voemos,
Agora!
Sejamos livres nas asas da vontade,
Sem demora!
Porque queremos!
Mesmo que apenas em promessa,
Sobreviva a razão para sentir saudade,
Espero por ti...
Leva-me daqui,
Depressa,
Que não vejo a hora,
De saltar lá para fora,
Fazer do sonho, realidade.
Porque podemos!









domingo, 4 de novembro de 2007

Poesia?

"Todas as coisas têm seu mistério, e a poesia é o mistério que todas as coisas têm"
García Lorca


Poesia?
Poesia é o eco das tuas palavras ditas em segredo ao meu ouvido,
(Sedutora mensagem),
E as histórias de encantar que elas inventam para me contar antes do anoitecer.
Poesia?
Poesia é o brilho dos teus olhos a iluminar os recantos mais escondidos do meu ser,
E o teu sorriso a colorir com firmes pinceladas a tela onde nasce o meu dia.
Poesia?
Poesia é o som dos teus passos firmes pelas pedras da calçada,
E o movimento dos contornos do teu corpo, reflectido pelo sol nas paredes brancas das casas.
Poesia?
Poesia é o toque quente e delicado da tua mão,
E a tranquilidade que a tua presença me dá em deslumbrantes passos de magia.
Poesia?
Poesia, são os trilhos secretos da tua pele, que os meus lábios desvendam por entre suspiros do fundo da alma desejada,
Caminhos onde já não me sinto perdido,
E o aroma sublime do teu perfume que perdura em mim depois da intensa viagem.
Poesia?
Poesia é este impulso dentro de mim de levantar os olhos ao céu,
Ganhar asas,
E tirar os pés do chão.
Poesia?
É um beijo teu...
É esse sentimento maior que flúi em mim,
Apenas porque sim…

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Amanhecer

Preciso de ver o teu amanhecer.
Preciso que sejas o sol nascente e com os teus raios de luz termines a minha noite, da mesma forma que, como sol poente, lhe deste sentido de existir,
Abraçada a mim.
Preciso que sejas sol ardente no meu corpo.
Preciso de respirar o teu perfume, logo pela manhã.
Quero que a minha pele cheire ao teu perfume, logo pela manhã.
Preciso de acordar, para te ver!
Preciso de te ver, para acordar!
E quero acordar para te ver e sermos mais do que o mundo lá fora.
Por te amar.
Quero ver o teu cabelo escuro espalhado pela almofada branca, como ondas de desejo presas a ti.
Pulsantes em mim.
Quero ver o relevo do teu corpo por debaixo dos lençóis ainda quentes das antecedentes horas de paixão.
Quero ouvir o silêncio do teu sono matinal enquanto moldas ao meu corpo, a tua silhueta traçada pela minha mão.
Quero olhar-te enquanto dormes e adivinhar o motivo que te faz sorrir ao raiar de cada novo dia, mesmo um segundo antes de abrires os olhos,
E que à noite te leva a segredar-me palavras bonitas ao ouvido e que te mantém viva em mim.
Ao amanhecer,
Quero que sejas sempre. Que sejas tudo. Quero que sejas luz e manhã eterna.
Quero que sejas, agora.

Velhos sonhos

Na penumbra,
Ao canto de uma sala vazia,
Sentado,
De costas para uma parede branca e fria,
Curvado,
Com as duas mãos na nuca, seguro a cabeça entre os joelhos,
Cansado.
Com os olhos fito o chão onde a vida passa, na sombra,
Repartida por longas fracções de segundo,
Derramo lágrimas sobre o passado.
Já não reconheço os sonhos que construíram este mundo...
Estão demasiado velhos.
Porque há momentos que se parecem com sonho, que cheiram a sonho e que até sabem a sonho, mas são a minha mais sensacional e deliciosa realidade, não sei, nem consigo parar de sonhar...