quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Lágrima

Uma lágrima desce pelo teu rosto
E eu não gosto
Cai abruptamente sobre o teu peito
Contorna o teu seio direito
E segue, descendo sem parar
Sem se evaporar
Desliza pela tua pele nua
E continua
Alimentada por uma mágoa
Por uma fonte inesgotável de água
Que eu turvei
Pelo que me pediste e eu te neguei
Por nem sempre estar em mim
Demorei a dizer-te que sim
Que te sinto mais que tudo
Que, por ti, tenho um desejo profundo
E a lágrima que é tua, passa a ser minha
Juntando-se a todas aquelas que eu já tinha

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Será loucura?

Soltar um grito libertador vindo bem do fundo da alma, confessando, sem pudor, todo o meu…Amor?... num acto de consciência pura…
Será isso loucura?
Deixar os olhos brilharem de emoção, transbordados por lágrimas doces quando sinto o teu toque de ternura…
Será isso loucura?
Olhar na profundidade dos teus olhos e, espontaneamente, deixar os meus lábios sentirem o sabor dos teus…
Será isso loucura?
Não reprimir o desejo de pegar na tua mão e partir, sem pensar, pelo mundo fora em busca de paisagens de encantar, do sol eterno e do azul dos céus…
Será isso loucura?
Loucura será algemar a vontade de ser livre para viver na plenitude de todos os sentimentos e fechar portas e janelas em vez de as abrir!
Loucura será não rir, não chorar, não sonhar, não lutar, para perder, para ganhar, não falar, não escrever, não correr, não pular de contentamento… não ser… e não voar o mais alto que a imaginação puder ir!

Se não te esperar

Se hoje não te procurar, é porque me perdi
Se hoje não te conseguir falar, é porque desisti
Se não conseguir olhar, é pelo que já senti
Se não te conseguir esperar, é porque penso demais em ti…

domingo, 19 de novembro de 2006

Talvez

Talvez seja esta noite
A noite da nossa fuga
Talvez hoje te possa abraçar
E me resgates da solidão
Talvez seja esta noite
A noite em que tudo muda
Talvez hoje te possa encontrar
E em ti, a minha libertação

Novo dia

Aqui está um novo dia
Seguimos sempre em frente
Sem olhar para o que deixamos
Sem qualquer arrependimento
Mas com imensa saudade
De quando o sangue, nas veias, nos corria,
Com a força das emoções, livremente
E mesmo que não o digamos
Para sempre guardamos o momento
Em que nos tocámos, na espiritualidade
No desejo, no sonho, na utopia
Que saboreámos demoradamente
E nos instantes de vida que hoje devoramos
Encontramos todo o alento
De um dia termos vivido essa liberdade

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Dia a dia

Sigo a mil à hora
Na pressa de viver
Furo pelo meio da multidão
Choco com sorrisos e gargalhadas
Vou de encontro a choros compulsivos
Caras bonitas, caras feias, caras assim-assim
Pessoas, muitas pessoas no mesmo anseio
De chegar ao destino sem demora
Sempre depressa, sempre a correr
Cumprimentam-se com ligeiros acenos de mão
Esquecendo o prazer vivências passadas
Outros, sós, ao canto, pensativos
Olham o movimento, à espera do fim
Sem a mínima ponta de receio

Por um instante

Estou todo aqui
Ao alcance dos teus braços
Aperta-me bem forte no teu peito
Prova nos meus lábios o desejo
Absorve-me
Funde os nossos corpos
Mistura o teu cheiro com o meu
Já não sei estar sem ti
Sem a perfeição dos teus traços
Perdi todo e qualquer preconceito
E suplico-te um beijo
Sente-me
Esquece tudo o que foste em tempos
E neste instante faz-me sentir que sou teu

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Não consigo

Não te vás
Só não consigo pedir-te para ficar
Não feches a porta da esperança
Só não te consigo pedir ajuda
Não me deixes para trás
Só… não me consigo encontrar
Não me deixes nesta desconfiança
Só… não consigo matar esta dor aguda

Levo-te em mim

A palavra surgiu do instante
De um reflexo no retrovisor
De um olhar distante
De um olhar profundo
De um pensamento
De uma expressão
E surgiu a curiosidade
Aparentemente sem razão
Surgiu um sentimento libertador
E uma enorme vontade
De entrar nesse teu mundo
De fazer desse instante um momento
Um momento para recordar
E de cada momento, uma eternidade
E para sempre, em mim te levar
E no regresso à realidade
Não ter que te inventar
Para esconder a saudade

domingo, 5 de novembro de 2006

Serei

Serei a bebida mais forte e pura
Onde inebrias a tua tristeza
Serei o oceano mais profundo
Onde afogas as tuas mágoas
Serei o poço mais escuro
Para onde gritas de cansaço e dor
Serei a pedra mais dura
Que atiras com firmeza
A quem não gostas neste mundo
Serei o teu barco nestas águas
Marés de esperança no futuro
Serei, se quiseres… o que preciso for

Um sonho

Esta noite, sonhei contigo
Viajámos por entre olhares
Percorremos um mundo de sensações
E apenas num instante nos tocámos
E saciámos um desejo antigo
Visitámos mil e um lugares
Libertámos todas a emoções
E com elas, a nossa vida perfumámos

É verdade…?

Procuro incessantemente por uma imagem
Por uma palavra ou um pequeno sinal
Que me diga que estás aqui
Que me descanse desta enorme ansiedade
Que é a de estar sempre de passagem
Que é a de apenas me veres como tal
Ansiedade incomportável de nada saber de ti
Diz-me, por favor, qual é a tua verdade?