sexta-feira, 8 de junho de 2007

No aconchego da tua rede

A suave brisa do final de uma tarde de início de verão,
balouça a rede onde os nossos corpos entrelaçados absorvem o calor dos últimos raios de sol, do dia em que a imaginação me trouxe ao teu mundo.
A tua voz, doce melodia, leva-me a um lugar onde nunca antes tinha estado,
porque ainda não me tinha atrevido a entrar pela porta que abriste de par em par, no momento em que me contaste o primeiro de todos os teus sonhos.
A mesma porta que te abri quando resolveste entrar pelos meus.
E agora que aqui me deixo estar, percebo o tempo perdido em silêncios, nessa incerteza,
porque na rede que nos envolve, sinto com intensidade, a razão de tanto precisar do teu sorriso e da luz que me dá o brilho dos teus olhos.
E com a mesma intensidade,
sinto o porquê de ser tão difícil largar a tua mão.
No teu toque, encontro uma explosão de emoções à flor da pele, um fogo de artifício deslumbrante, de sensações, que crescem de dentro. Bem lá do fundo.
E encontro uma outra vontade.
Uma outra realidade.
Uma outra verdade.
E quando pensava já ter esquecido o prazer da dor de uma ausência, por pelo menos, num instante já ter amado,
recordaste-me o sentido da saudade.
Mesmo quando o vaguear da mente torna quase real a minha presença nesta rede, onde nos aconchegamos, observando o azul dos céus. De todos os céus.
Um azul, quase tão azul como a sombra dos teus olhos, que avistam a linha do horizonte recortada pelos grandes montes, e tentam adivinhar quais os segredos que se escondem do outro lado.
Mas por agora, sente o momento. Deixa-te embalar pela brisa amena que te limpa o pensamento e te liberta. Apenas sente.
Fecha os olhos e entrega-te por completo às imagens que, como um filme, vão passando na tela à tua frente.
Vive nelas. Vive delas, como se fosse essa a tua forma de ser, a tua natureza.
E então, debruça-te no meu peito e respira o ar do presente,
enquanto eu passo os dedos pelos teus cabelos, ajeitando-te a franja que teima em cair sobre a tua testa e deposito um beijo, no canto da tua boca, delicadamente.