terça-feira, 15 de maio de 2007

O refúgio dos meus sentidos

[...] “Desculpa se te fiz fogo e noite
Sem pedir autorização por escrito
Ao sindicato dos deuses...
Mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
Como refúgio dos meus sentidos
Pedaço de silêncios perdidos
Que voltei a encontrar em ti...”[...]

Toranja, Carta


A suave brisa do início da tarde passa pelos teus cabelos e leva o seu perfume aos confins de mundos desconhecidos, perdidos na ilusão, de um dia descobrir a verdadeira origem de tal fragrância
Enquanto o teu olhar se estende pelo azul do mar, em busca de lugares longínquos, onde o sonho é a realidade e a realidade se confunde com quadros pintados nas telas da imaginação
E eu, a teu lado, percorro os contornos do teu corpo, admiro o teu perfil esculpido no ar pelo sopro dos deuses, absorvido pelo silêncio de palavras que nunca te disse, apesar da vontade...
Não consigo desviar de ti todos os meus sentidos, como se vivesses em mim, e eu em ti, mesmo quando é a ausência que ritma o passar dos dias, marcados por uma incomportável distância
E ainda assim, eu te procuro pelos relvados salpicados de crianças a brincar e a sorrir e pelas movimentadas ruas da grande cidade
Até que te reencontro, numa manhã cheia de luz, precisamente onde a procura começou, aqui em frente a este mar, onde, por mais longe que esteja, os meus sentidos encontram um refúgio e a fonte da sua inspiração