terça-feira, 14 de agosto de 2007

Peço-te que...

Olhemos por mais um pouco este pôr-do-sol
Debrucemos o nosso olhar sobre ele só mais uma vez
Uma última e derradeira vez
Beijemo-nos mais um pouco antes do adeus
Deixemos as nossas línguas saborear o doce elixir da paixão
Antes que a luz se transforme numa densa escuridão
Agarremo-nos com a força de um abraço infinito
Entrelacemos as nossas almas no universo eterno da vontade
Para que cada minuto de distância seja feito apenas de saudade
Fiquemos amarrados ao leito do querer, sob o puro branco do lençol
Deixemos os nossos corpos ser um só ser, inebriado por todo este amor
Que os poros da nossa pele transpiram em salgadas gotas de suor
Entoemos as mais loucas melodias de prazer pelos céus
Esqueçamos tudo o que lá fora, em triste pranto, chama por nós
Antes que a noite nos cubra com o seu manto e nos deixe de rastos e sós
Deixemo-nos embalar no apelo sedutor de um grito
Sintamos o impulso tomar conta dos nossos gestos ousados
Para que na memória nos fique o meigo ardor de um dia termos sido amados
Entreguemo-nos à atracção dos corpos soltos, livres do preconceito
Deixemos que o seu cheiro se misture em longos suspiros de prazer
Antes que a irreversível marcha do tempo nos conduza ao anoitecer
Perpetuemos o sentimento que nos faz o coração bater dentro do peito
Sintamos o sangue a correr-nos nas veias à velocidade do desejo
Até nos desaguar nos lábios, deixando-se saborear num longo e quente beijo