sexta-feira, 23 de maio de 2008

E depois...? Nada.

“Lasciate ogne speranza, voi ch'intrate"
(“Deixai toda esperança, ó vós que entrais!”)

de Dante Alighieri, in “A Divina Comédia, Inferno, Canto III, 9”


As Portas do Inferno (1880-1917), de Auguste Rodin

O tempo muda...
Nuvens carregadas de ausência,
pintam o horizonte de escuridão...
Fica frio.
O medo invade os espaços.
A angústia é crescente.
O coração não sente.
A imaginação morre.
O sonho dissipa-se.

As palavras não se escrevem,
e a tinta seca na caneta.
As frases não se lêem,
e a mente definha.
Páginas em branco sucedem-se,
umas atrás das outras,
sem cor,
sem traço,
sem magia...
O universo inteiro conspira,
maquina um plano para a destruição...
Para o nada.
Para o vazio.
Para o fim.

Sem paixão,
é falso o profeta,
que fala de bonança...
Morre de cansaço,
em vão,
à espera de um amor...

O homem,
pedra fria,
nua de esperança,
não pula,
não avança,
não corre,
e perde-se na essência.
Só, inerte, sem dor.

E depois...?
Nada.
O ontem, esquecido.
O hoje, sem sentido.

E o amanhã, completamente perdido.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O ontem não está esquecido.
E hoje, estamos a trabalhar para um amanhã, cheio de sentido...

Maria

3:23 da tarde  
Blogger Gonçalo said...

... o ontem jamais será esquecido... mas no amanhã, ou seja, no hoje, fará o silêncio algum sentido...?

11:04 da tarde  

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