sexta-feira, 7 de março de 2008

Silêncios

In silenzio nel blu por Alessandra Rosini

Leio, ao pormenor, todas as tuas palavras, sons quase despercebidos,
em discurso intermitente...
Oiço-os atentamente,
Devoro todos os silêncios, que nos rodeiam, que nos envolvem em cerimoniosa cumplicidade...
Conheço-os de cor...
Percorro todos os espaços em branco por eles preenchidos,
e espremo-os para deles beber sofregamente o sumo da vida,
gota a gota de sangue que me corre nas veias,
transbordante vontade,
pressão desmedida dentro do peito, a romper a carne em investidas persistentes,
na tentativa de te alcançar:
É a boca a querer falar,
É a língua a querer beijar,
É o corpo a querer o quente,
É a alma a querer rasgar o vazio dos teus braços ausentes,
É o medo de te ver a desvanecer no meu tempo, despojado de ideias,
É o medo de te sentir perdida...
É a dor...,
a maior dor, que a distância insiste em prolongar...
É o silêncio em que te confesso todo o amor...