quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Não me largues

One por Randal Gordy Lee


Peço-te que não me largues...
Que me resgates do vazio...
Que me abraces com toda a força que te restar,
Que me prenses de encontro a ti!
Que me ames com a alma que em ti subsistir...
Que me faças resistir!

Em mim, corre um ar cortante, abusivamente frio,
Sinto falta do teu respirar de fogo na pele, a queimar,
E do som dos teus suspiros de prazer a penetrar-me o espírito, a desejar...
Sinto falta da tua língua doce a percorrer-me os lábios molhados,
E do aconchego das tuas pernas à volta da minha cintura, a apertar
Sinto falta dos teus dentes enterrados na carne do meu pescoço,
E da força dos teus dedos profundamente cravados no meu corpo, a rasgar,
Até sangrar...
A fazer de mim um ser de carne e osso,
A descobrir em cada toque a intensidade de te sentir...
A necessidade de te possuir.

Num impetuoso desígnio a fluir,
Sou rio de vontade, que transborda das margens,
Que anseia para que em mim navegues,
Que me encaminhes a outras paragens!
Amarra-me ao leito de mil e um pecados!

Num gesto natural,
Sem qualquer rasto de pudor,
Rendo-me aos teus beijos lascivos,
Aos teus desejos, sou submisso...
Revela-me a pele nua dos teus seios altivos,
Para que os admire, para que os sinta, num impulso original!
Para que me dissolva nas gotas perfumadas do teu suor...

Ou então, sorri apenas... preciso disso...
Afinal, peço-te apenas... Amor...
Não desistas já de mim...
É demasiado cedo para isso,
E apesar do peso imenso de um tempo que se arrasta,
É demasiado brusco o movimento que nos afasta...
É prematuro e triste o traço do fim.

Não me largues...
Não me deixes cair.